sexta-feira, 13 de julho de 2007

Opinião

As razões da criação deste bolg já são mais do que conhecidas, mas para mim repeti-las não é uma perda de tempo! Temos de acabar com os estágios não remunerados, o horário de trabalho excessivo, a dificuldade de encontrar o 1º emprego, a concorrência desleal entre ateliers honestos e desonestos... Muitos defendem que a culpa deste "mau" sistema é dos estagiários que aceitam trabalhar sem receber ou daqueles que aceitam trabalhar horas a fio. Eu perguntaria se a culpa também não será dos arquitectos empregadores exploradores? Enfim, isto é quase como a história de quem nasceu primeiro se o ovo ou se a galinha. A meu ver, discutir esta questão é uma perda de tempo! Analisei o problema alguns meses sob a perspectiva da ordem que pretende que o estágio seja um modo de dar a conhecer aos recém licenciados o funcionamento prático da actividade de arquitecto e complementar a formação maioritariamente teórica adquirida nas Universidades. Mas quantos de nós é que estão a adquirir essa formação no estágio? Eu pessoalmente só faço coisas básicas e que já não são novas... muito pouco ou nada poderei retirar do meu estágio, que até está a ser realizado num gabinete de "arquitecto estrela". Por isto acho que ordem é incoerente, os principios são bons mas depois não fiscaliza esse estágio, deixando-nos entregues à nossa própria sorte! Sob o ponto de vista do estagiário, a oportunidade de estagiar é única, mas para valer a pena só se for com gente séria! Felizmente ainda há quem tenha sorte! Segundo os arquitectos patronos é a oportunidade de poder interagir com a força e rebeldia criativa da juventude, isto para os honestos é claro! Para os outros, que infelizmente parece-me a maioria, a oportunidade de ter desenhadores de luxo, dotados de sensibidade e conhecimento artistico, mas a preço de saldo! Moral da história ganham os arquitectos desonestos contra os estagiários, os jovens arquitectos e os arquitectos honestos. Como é que poderemos vencer esta batalha? Eu tenho uma sugestão, que tal propor-mos no próximo Congresso dos Arquitectos uma revisão na Admissão à Ordem, isto é, acabar com os estágios obrigatórios. Ou seja, quem encontrar um patrono honesto com certeza que quererá estagiar, mas com o nº explosivo de alunos que saem das Universidades todos os anos, que no meu ponto de vista começa a acumular na "sala de espera" dos ateliers... será ainda mais propício a todo este sistema. Portanto eu propunha um período onde seriamos obrigados a assistir às 8h em Conferências, fazer formação em Deontologia, participar em concursos, realizar os primeiros projectos e eventualmente para quem tiver sorte, fazer um estágio profissional. Aceitam-se sugestões para complementar a proposta de revisão da Admissão à Ordem. Só assim os estagiários deixaria de ser escravizados, os jovens arquitectos teriam mais facilidade em encontrar o primeiro emprego e os arquitectos honestos poderiam ganhar mais concursos.
Luisa Marques

2 comentários:

ZeduViana disse...

estou totalmente de acordo. tou neste momento a acabar a minha licenciatura em Arq de Planeamento Urbano e territorial na FA-UTL e visto que acabaram com os estágios académicos (ainda bem, menos tempo a trabalhar de borla), saio directamente para a admissão à ordem. Não faço a minima ideia de qual será o meu futuro enquanto estagiário mas não me parece que vá ser risonho. Essas ideias de alternativa aos estágios parecem-me muito interessantes, já que muitas delas, como os concursos por exemplo, não tivemos oportunidade de nos aventurar-mos durante o curso pelo tempo que este nos tomava. Ofereço-me como voluntário para esta e outras causas que virão.

arqportugal.blogspot.com disse...

Como sempre defendi e continuarei a defender, a única forma de resolver o problema dos estágios da OA e acabar com eles.
Ainda bem que partilhas da mesma opinião.
Ninguém precisa de uma OA oportunista a obrigar um recém-licenciado a trabalhar.

cumps