sábado, 17 de novembro de 2007

Exige-Arq

Pelo que vamos sabendo, por mails, ou outras pessoas que vamos encontrando, o Exige_Arq criou um espaço de discussão colectiva que faltava na blogosfera. É importante saber disso, mas mais importante é que toda a gente também participe; com opiniões, testemunhos, críticas ou manifestos, todos os formatos e conteúdos são aceites. E só assim com a crescente participação de todos os arquitectos anónimos que se revêem neste espaço é que poderemos fazer com que este blog extravase o seu formato virtual e ganhe forma de Agora pública.

Já passaram alguns meses, e fomos conhecendo demasiados casos de pessoas, à espera de estágio porque a ordem não tem recursos humanos para processar todos os pedidos de admissão ( ainda que seja verdade, é simplesmente inaceitável ). Doutros, em que até arranjam estágio, mas ou é mal remunerado ou simplesmente, nem sequer é pago. E ainda mais pessoas, que não estando para aturar isto se vão embora desta choldra ingovernável. Curioso foi constantar que nos programas de candidatura das várias listas à direcção da Ordem, a questão dos estágios profissionais nem sequer veio à baila ( pelo menos com posições fortes e soluções pragmáticas )

Mas creio que haverá esperança. Tem que haver esperança. Basta que não estejamos resignados e participemos individualmente num processo, que se sabe moroso e difícil mas possível, de reforma da prática da arquitectura em Portugal. Aguns ateliers já começaram a limitar a contratação de pessoal, para que possam pagar salários. Outros já começaram a perceber que uma equipa rentável é uma equipa feliz, ou seja, que uma pessoa que trabalhe dez horas, fá-lo melhor de barriga cheia. Já é um sinal.

Sei que para os leitores e participantes deste blogue, nem sempre deve ser fácil expor ou escrever as suas desventuras no mundo laboral. Também não é uma tertúlia cor-de-rosa que aqui se quer promover. Mas, as várias experiências e partilha das mesmas, poderá ser uma grande ajuda para todos os que pensam que um caminho se faz caminhando, mas com apoio é bem melhor. E, claro, exponham também casos de sucesso, são também e sobretudo benvindos.

E bem fiquemos por aqui, esperando que daqui a uma semana a caixa de correio do exige-arq não dê para as encomendas. POWER TO THE ARCHITECTS ( e que se lixem também ).

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Ideias pela Ordem

Excerto do post Ideias pela Ordem em http://a-cidade-das-pessoas.blogspot.com/


6. Remuneração dos Estagiários


Sou a favor da obrigatoriedade de estágio profissional. Acho que é possível melhorar os moldes em que esse sistema hoje funciona – a bem da eficácia do estágio – mas considero que a primeira mudança a operar neste domínio tem de ser a remuneração dos estagiários. Por duas razões.

Primeiro, porque o estágio não deve ser um “serviço militar obrigatório”, que castiga com um ano de serviço gratuito os novos recrutas. É perverso obrigar (porque ele é de facto obrigatório, não esqueçamos!) as pessoas a um ano de trabalho gratuito.

Segundo, porque inundar um mercado com trabalho de mão-de-obra gratuita é desregulá-lo. E essa desregulação prejudica todos: estagiários, arquitectos sem vínculo (nomeadamente os que estão em início de carreira, que ficam com poucas ou nenhumas hipóteses de continuar) e todos os restantes, também, que passam a trabalhar num mercado ainda mais desregulado ao nível dos honorários.

A Ordem não pode, ao mesmo tempo, gerar mão-de-obra gratuita e querer qualificar a Arquitectura. Esta é uma contradição fundamental – e não é o mercado que a pode resolver. Haverá soluções exequíveis e razoáveis? Haverá, certamente – mas só as conseguiremos encontrar depois de assumir que isto é um problema que temos de resolver.


Pedro Homem de Gouveia, Arq

quinta-feira, 26 de julho de 2007

TEATRO DO OPRIMIDO PROMOVIDO PELO FERVE

APRESENTAÇÃO PÚBLICA: 27 de Julho, sexta-feira
HORÁRIO: 22H30
LOCAL: Praça dos 'Leões' (em frente ao Piolho)

Decorre amanhã, sexta-feira, dia 27 de Julho, a apresentação pública da oficina de Teatro do Oprimido, promovida pelo FERVE - Fartos/as d'Estes Recibos Verdes.

Partindo de casos concertos, esta oficina, orientada por José Soeiro, permitiu construir uma apresentação de teatro-fórum, em torno das questões da precariedade laboral, designadamente do trabalho a "recibo verde".

Amanhã, decorre a apresentação final deste trabalho, durante a qual se desafiarão os presentes a pronunciarem-se sobre os casos apresentados, criando-se assim um espaço aberto de debate e participação activa.

Contamos com a vossa presença!

Pelo FERVE,

Cristina Andrade
P.S. Para obterem mais informações acerca da metodologia do Teatro do Oprimido, poderão consultar a página
http://www.theatreoftheoppressed.org

domingo, 22 de julho de 2007

23 a 25 Julho | no 555 | das 21h-24h oficina de Teatro do Oprimido JÁ FERVEMOS!

- A oficina, orientada por José Soeiro, é aberta e gratuita.
- Decorrerá nos dias 23 (2ªf), 24 (3ªf) e 25 (4ªf) de Julho, das 21h30 às 24h, no espaço 555 (R. do Almada, 555).
- Para participar, basta mandar um e-mail para grupoferve@gmail.com ou para teatroforum.porto@gmail.com
- A apresentação será na sexta-feira, dia 27 de Julho, às 22h30, na Praça do Piolho (Leões, Porto).
O FERVE- Fartos d'Estes Recibos Verdes – é um grupo de trabalho que nasceu em Março de 2007 e se tem dedicado a dar visibilidade ao problema dos falsos recibos verdes e a intervir sobre esta faceta da precariedade. No seu blog ( www.fartosdestesrecibosverdes.blogspot.com), são já dezenas de testemunhos concretos que denunciam esta situação.
O FERVE promove durante a próxima semana uma oficina de Teatro do Oprimido à volta de histórias de precariedade e recibos verdes. O Teatro do Oprimido ( www.theatreoftheoppressed.org) é uma metodologia que usa a linguagem teatral para ensaiar a mudança social. Uma linguagem que nos permite compreender melhor o mundo e as relações de opressão que nele existem e que pode ser usada por todos (até os actores!) em todos os lugares (até nos teatros!).
A partir de situações concretas que as pessoas vivem – como as histórias que dão corpo ao blog do grupo – nesta oficina iremos fazer uma série de exercícios que nos permitirão partilhar estas situações e explorar os mecanismos que as perpetuam.
A oficina é aberta a toda a gente, não sendo preciso que os participantes tenham nenhuma preparação específica na área do teatro.
Durante as sessões de 2ª-feira, 3ª-feira e 4ª-feira iremos trabalhar na construção de uma apresentação de teatro-fórum. Na sexta iremos para a rua apresentá-la – e desafiar as pessoas a pronunciarem-se sobre o assunto.
No teatro-fórum , apresentamos ao público um problema para o qual não temos solução e pedimos que nos ajudem a encontrar soluções possíveis. Mostrando – actuando – estratégias diferentes, os espect-actores participam de forma directa na criação de um final ou de vários finais possíveis.
Pelo FERVE;
Cristina Andrade

quarta-feira, 18 de julho de 2007

caros colegas, apareçam!

O excesso de cursos, o aproveitamento da ordem e dos arquitectos empregadores trouxeram-nos até aqui (ao exige-arquitectura) para sublinharmos e elevarmos a problemática da arquitectura, ou melhor, dos cursos de arquitectura actuais em Portugal. Isto está tudo certo, e dou-vos razão e total apoio. Mas por outro lado, gostava de perguntar, onde é que estão os jovens arquitectos de portugal? Estarão todos a trabalhar muito para outros arquitectos, é certo. Mas e onde é que estão os participantes dos concursos de arquitectura? Estarão todos a trabalhar muito, é claro... ou estarão à espera dos concursos que são aprovados pela Ordem...se calhar é isso!
Só sei que nos últimos concursos que tenho participado, os jovens arquitectos portugueses participaram aos magotes! no último, que até era a nivel europeu, éramos 37 inscritos, e quem sabe até entregaram 20! Força jovens arquitectos! Não acordem que não é preciso...
(com respeito a quem dá o couro pelos outros, joao caria lopes)
P.S.: o "jovem arquitecto" não tem 35 anos, ou mais....a isso chama-se um paradigma.

joao caria


sexta-feira, 13 de julho de 2007

Opinião

As razões da criação deste bolg já são mais do que conhecidas, mas para mim repeti-las não é uma perda de tempo! Temos de acabar com os estágios não remunerados, o horário de trabalho excessivo, a dificuldade de encontrar o 1º emprego, a concorrência desleal entre ateliers honestos e desonestos... Muitos defendem que a culpa deste "mau" sistema é dos estagiários que aceitam trabalhar sem receber ou daqueles que aceitam trabalhar horas a fio. Eu perguntaria se a culpa também não será dos arquitectos empregadores exploradores? Enfim, isto é quase como a história de quem nasceu primeiro se o ovo ou se a galinha. A meu ver, discutir esta questão é uma perda de tempo! Analisei o problema alguns meses sob a perspectiva da ordem que pretende que o estágio seja um modo de dar a conhecer aos recém licenciados o funcionamento prático da actividade de arquitecto e complementar a formação maioritariamente teórica adquirida nas Universidades. Mas quantos de nós é que estão a adquirir essa formação no estágio? Eu pessoalmente só faço coisas básicas e que já não são novas... muito pouco ou nada poderei retirar do meu estágio, que até está a ser realizado num gabinete de "arquitecto estrela". Por isto acho que ordem é incoerente, os principios são bons mas depois não fiscaliza esse estágio, deixando-nos entregues à nossa própria sorte! Sob o ponto de vista do estagiário, a oportunidade de estagiar é única, mas para valer a pena só se for com gente séria! Felizmente ainda há quem tenha sorte! Segundo os arquitectos patronos é a oportunidade de poder interagir com a força e rebeldia criativa da juventude, isto para os honestos é claro! Para os outros, que infelizmente parece-me a maioria, a oportunidade de ter desenhadores de luxo, dotados de sensibidade e conhecimento artistico, mas a preço de saldo! Moral da história ganham os arquitectos desonestos contra os estagiários, os jovens arquitectos e os arquitectos honestos. Como é que poderemos vencer esta batalha? Eu tenho uma sugestão, que tal propor-mos no próximo Congresso dos Arquitectos uma revisão na Admissão à Ordem, isto é, acabar com os estágios obrigatórios. Ou seja, quem encontrar um patrono honesto com certeza que quererá estagiar, mas com o nº explosivo de alunos que saem das Universidades todos os anos, que no meu ponto de vista começa a acumular na "sala de espera" dos ateliers... será ainda mais propício a todo este sistema. Portanto eu propunha um período onde seriamos obrigados a assistir às 8h em Conferências, fazer formação em Deontologia, participar em concursos, realizar os primeiros projectos e eventualmente para quem tiver sorte, fazer um estágio profissional. Aceitam-se sugestões para complementar a proposta de revisão da Admissão à Ordem. Só assim os estagiários deixaria de ser escravizados, os jovens arquitectos teriam mais facilidade em encontrar o primeiro emprego e os arquitectos honestos poderiam ganhar mais concursos.
Luisa Marques

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Esclarecimento

Fico feliz por começar a ver reacções relativas `as questões que aqui levantamos e ao propósito deste mesmo blog. É neste caminho que pretendemos seguir.
Surgiu uma crítica no blog Gonçalo Afonso Dias, Artes e Ofícios, referente `a posição e apresentação do Exige Arquitectura. Pretendo só esclarecer situações como estas para que possamos todos entender o que nos encontramos a tentar fazer.
Respondendo a esse mesmo comentário, e pela ordem em que foram colocadas as questões, começo clarificar o próprio logo do blog, conotado de “cheirar demasiado a arquitecto”. Se de facto tal acontece, e’ porque, feliz ou infelizmente, denuncia a educação e formação que temos, meios que são os únicos de que dispomos para expor e lutar por uma causa comum.
Se este local se chama Exige Arquitectura, e não Exige outra coisa qualquer, é pela simples razão de que as situações que aqui denunciamos são, de facto, motivos mais que suficientes para que a possamos intimar. Uma vez que nós, arquitectos, subsistimos desta actividade, é por uma vida profissional digna que aqui nos manifestamos, por direitos laborais que, naturalmente, deverão ser exigidos sob a própria pratica de Arquitectura. Daí subentende-se logicamente que exijamos dignidade, uma Ordem, uma Bastonária e acima de tudo, o direito `a própria Arquitectura.
A quem o iremos exigir? A essa questão não somos somente nós, autores do blog, que teremos de responder.
A criação deste mesmo local é para que possamos esclarecer essa situação, a quem nos devemos dirigir, como e porquê nos devemos dirigir, e acima de tudo, tentar reunir uma voz plural que realmente esteja unida. Somente desta forma seremos capazes de finalmente rejeitar as situações pranteáveis que prevalecem no nosso mercado de trabalho.

Em suma, com este blog pretendemos criar um espaço de união anímica, que não existe para alem das conversas de café, para que posteriormente sejamos capazes de nos reunir fisicamente, com o propósito de defender estes mesmos direitos que aqui embrionariamente começamos a incitar e denunciar.

Este é de facto um espaço para discussão de ideias e exposição de inconformidades.
Espero que possamos contar com mais contributos como este ao qual replico, denota que de facto existe insatisfação e preocupação, bem como o interesse de zelar e exigir por dignidade na nossa profissão.

João Albuquerque