segunda-feira, 4 de junho de 2007

para pensar um pouco e agir um pouco mais

Para estrear a participação no blog, gostaria de mencionar dois dos pontos essenciais que necessitam de ser, a meu ver, alvos primários e urgentes dado o estado de sítio da nossa condição.
O blog fala genericamente da não existência de remuneração ou da precariedade da mesma, cabe-nos a nós agora expormos as situações que sintamos alarmantes.

Para já, o que exponho é o que salta à vista de qualquer um de nós, o estatuto que a Ordem detém e dispõe como bem entende, enquanto reguladora da atribuição do título de arquitecto.
Naturalmente que alguma entidade terá essa responsabilidade. Hierarquicamente, acima das escolas deverá (?!?) haver uma entidade que admita e regule a entrada dos arquitectos na actividade profissional. Certamente que tal ate’ pode ser exigido num esquema de estagio obrigatório, mas jamais um estagio não remunerado.

1.FALHA BASICA DE PRINCIPIOS:
Todo este sistema se baseia num pressuposto de que quem estuda arquitectura tem um suporte financeiro familiar que permita ao estagiário ser inteiramente sustentado, durante nove a doze meses, isto após seis anos de um curso que não sai propriamente barato.
Tendo em conta que a maioria de nos não faz o estágio no local onde a família reside, não só temos um acréscimo nas despesas a nível alimentar, mas também habitacional. Passando pelo facto de que não nos sobra propriamente tempo livre para eventualmente termos um part-time

2.CONTRADICOES ETICAS E MORAIS
Sob a regulamentação da União Europeia, a Ordem defende-se, aclamando que é anti-constitucional obrigar à existência de um salário mínimo para uma determinada profissão.
Nós engolimos, inertes…aparentemente, se o dizem, eles, a instituição que é suposto defender-nos, lá deverão saber…

No mesmo discurso de formação “deontológica” apontam para o uso de software ilegal, que, para alem desta própria condição, já de si condenável, tem acrescido o a torpeza de utilizarmos algo pelo qual não pagámos, enquanto que outros o fizeram (em suma, não será moralmente correcto, pois possuímos uma vantagem desleal sobre outros colegas).

Muito bem, falamos então de, por escritório, dois ou três softwares necessários, cuja licença ate fará sentido ter legalizada.
A par dos dois ou três softwares, também podemos ter dois ou três estagiários, ou cinco, ou seis, a serem pagos, claro, 100 €/mês. Claro que temos outros escritórios que, apontando para um número que rasa o mínimo dos mínimos do aceitável (alimentação e estadia), paguem 600 €/mês.

Qual era a questão da concorrência desleal e do código deontológico?

3.PROPOSTA
Num esquema similar ao do Estágio Profissional, será assim tão complicado propor ao estado um acordo que suporte o Arquitecto estagiário? De momento só existe este, neste sistema de comparticipação Estatal, generalizado para qualquer tipo de empresa (corrijam-me se estiver errado, mas o i9jovem não alcança todos, ainda que acabe por ser o mais equilibrado entre salários e formação adjacente…).
Porém, o modo como os escritórios de arquitectura empregam este apoio financeiro, este estágio remunerado, ou parte de pressupostos ilegais, ou são executados ilegalmente, quer pela condição em que se iniciaram, quer pela condição em que perduram.

As implicações ou exigências que o estado exerceria sobre a Ordem num acordo ou protocolo deste género só nos trariam vantagens. Naturalmente que o número de “bolsas para estagio” seriam racionadas, mas isto implicaria que a própria Ordem tivesse ou devesse ter algum pulso sobre a admissão dos próprios estagiários.

Consequentemente, tudo isto implicaria o inicio da existência de orientações e exigências sobre o ensino de Arquitectura em Portugal, sobre muitas das escolas que são semeadas em qualquer pousio com intuitos paralelos ao do ensino propriamente dito, a escolas que de momento nada fazem, nada produzem a não ser o sustento de barrigas acomodadas.

Todas estas situações nos poderão trazer vantagens, a todos menos a estes últimos referidos. No entanto, nós somos a larga maioria, e somos todos nós que andamos a acartar com os vícios deste sistema manipulado.


Pessoalmente já estou farto de me queixar e de ouvir os outros a fazer o mesmo, já é altura de fazermos qualquer coisa…

Comecem a responder e a participar, já é mais que tempo disso.

João Albuquerque

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